5 de junho de 2015

A Menina Submersa, possivelmente o livro da minha vida



Eu já devo ter falado isso para vários outros livros, mas agora sinto que é pra valer. A maioria das pessoas conhece o meu amor por sereias, e só o título de A Menina Submersa já tinha me encantado por si só. Depois, foi só olhar a capa e morrer de amores pelo livro. 

O problema é que ninguém tem uma boa ideia do que a história se trata, nem mesmo a protagonista. É sobre sereias? Fantasmas? Ou talvez um lobisomem? Acontece que ao ler a obra de Caitlín R. Kiernan, você não lê apenas um livro. Lê dois. 



Não é preciso passar da primeira página do livro para descobrir que ele é incrível. De verdade. A escrita de Caitlín me prendeu de uma forma absurda, e senti que estava lendo mais um livro de Edgar Allan Poe. Aquele tipo de história cotidiana que pode acabar se tornando um conto de terror. 

A personagem principal, uma escritora esquizofrênica extremamente perturbada, chamada India Morgan Phelps, vulgo Imp, vem de uma família de pessoas loucas. Ou quase isso. A mãe se suicidou, a avó se suicidou e ambas também tinham esquizofrenia, pelo que fica mais ou menos claro. E por que digo "mais ou menos"? Porque nada fica realmente claro no livro, uma vez que Imp tem alucinações e nos alerta de que tudo pode ser algo de sua própria cabeça. Realidade, alucinações e comentários da escritora ficam mesclados, dando um ar soturno à obra.



Como eu disse, A Menina Submersa é um livro dentro de um livro. Imp está datilografando um em sua máquina de escrever, que fica em seu quarto de pintar, próxima à parede com o bilhete de suicídio de Virginia Wolf. Ela também é artista, e gosta de chamar o quarto assim. A garota - mulher? - não é uma fonte muito confiável de informações, uma vez que seus pensamentos são tão desorganizados quanto seu próprio passado, mas acredito que seja isso o que torne o livro ainda mais interessante.

Não pude deixar de notar algumas semelhanças gritantes entre Imp e a mim mesma. Como essa:

Outubro está passando, furtivo, à minha volta. Já perdi alguns dias, dias cheios de trabalho e não muito mais, tentando decidir quando e como continuar a história de fantasmas. Ou se eu deveria continuar a história de fantasmas. Obviamente, decidi que continuaria. Essa e outra forma de ser assombrada: começar algo e nunca terminar.

As assombrações de Imp começam com memórias da avó Caroline, passando pelas lembrança de sua ex-namorada Abalyn e, por fim, chegando até as conclusões da escritora sobre Eva Canning, uma assombração, sereia e lobisomem.


E também tem, claro, A Menina Submersa. Quando abri o livro pela primeira vez, achei que a menina submersa seria Imp. Mas não, eu estava enganada e adorei isso. A Menina Submersa é o nome de um quadro, pintado por Philip George Saltonstall, quase cem anos antes de Imp vê-lo pela primeira vez.

Caitlín consegue descrever o homem, sua história e seus quadros tão bem, que cheguei a acreditar que o pintor realmente existia. Não existe, mas poderia. Assim como Albert Perrault, artista que cria obras inspiradas na história da Chapeuzinho Vermelho. Esse eu queria que existisse de verdade, porque ele seria ainda mais genial do que como escrito no livro.

A Menina Submersa explodiu minha cabeça, e eu aposto que explodiu a cabeça de cada um que conseguiu se aventurar no livro dentro do livro. Imp não segue uma ordem cronológica dos fatos. Vai escrevendo conforme quer, voltando ao passado, pulando para o futuro e nos confundindo no presente. É preciso ser muito inteligente para conseguir escrever esse tipo de coisa, e não é à toa que a autora do livro ganhou o prêmio Bram Stoker de 2013, yay!

A Menina Submersa: Memórias, é publicado pela editora DarkSide (uma das minhas favoritas, aliás, desde que descobri que eles só publicam livros de suspense, terror, e todas essas coisas pelas quais eu surto). 

E duas semanas depois de eu ter ganhado a edição comum do meu pai, a DarkSide fez a estréia de uma edição limitada, de capa dura, toda cheia de detalhes e eu tenho certeza que vou ficar pobre esse mês.

O livro tem ilustrações, libélulas, flores e isso consegue chamar tanta atenção quanto a própria história. A edição é linda!

E eu acho que nunca falei tão bem de um livro em toda a minha vida. Foi até engraçado. Comecei a ler e saí mandando fotos dele para todos os grupos que tenho no Whatsapp. Eu adoro histórias de fantasmas. E adoro sereias. E adoro lobos. E adoro pessoas esquizofrênicas que sabem contar histórias.


Não ia conseguir dar menos do que cinco estrelas. E não ia me perdoar se não colocasse nos meus favoritos.

3 comentários:

  1. Estou com a mesmíssima sensação. Livro ma-ra-vi-lho-so! Entrou pros favoritos com certeza! Ótima resenha, flor! :*

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  2. muito curiosa pra ler depois da sua resenha!

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  3. Comecei a ler esta semana, depois de uns 5 meses guardado na estante. Estou adorando!

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